quinta-feira, 6 de agosto de 2015
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
TV Difusora - Canal 10 de Porto Alegre
A TV Difusora foi uma emissora de televisão brasileira com sede em Porto Alegre. Pertencia à Ordem dos Frades dos Capuchinhos e operava no canal 10 VHF, que hoje pertence à TV Bandeirantes Porto Alegre.
A Ordem dos Frades dos Capuchinhos conseguiu em 1961 uma concessão junto ao Ministério das Comunicações para fazer a transmissão de televisão no canal 10 VHF de Porto Alegre. O prédio da TV Difusora foi concluído em junho de 1969 e a emissora entrou no ar em 10 de outubro de 1969, transmitida pela sua antena no Morro Santo Antonio, em Porto Alegre. Contrataram Salimen Júnior e Walmor Bergesch para dirigirem a emissora.
Em 19 de fevereiro de 1972 a TV Difusora entrou para a história quando fez a primeira transmissão de TV em cores do Brasil. O evento transmitido foi a Festa da Uva realizada em Caxias do Sul, RS.
O mascote da emissora era um leão, enquanto o logo parecia um leque em círculo, com todas as cores primárias e o número 10 no centro. A programação geralmente começava com um conselho de 5 minutos de um padre capuchinho. Logo depois, entravam séries infantis, como A Feiticeira e Os Monkees.
Os anos 1970 foram marcados por uma forte programação local. Concorrendo com o Jornal do Almoço, da TV Gaúcha, a Difusora apresentava entre as 11h30 e 14h30, até 1981, o Portovisão. O programa foi tão importante para a história da emissora, que acabou virando seu nome oficial, por vários anos, depois da compra pela Bandeirantes - TV Portovisão.
Ele começava com o quadro de Fernando Veira, que apresentava as novidades do mundo jovem. Logo depois vinha Tatata Pimentel, o primeiro homossexual assumido na televisão do Rio Grande do Sul, que contava o que estava acontecendo no mundo das discotecas, dos trends e do "high society" portoalegrense. Seguia o quadro de José Antônio Daudt, que, em plena ditadura militar, teatralmente cobrava das autoridades que, por exemplo não usassem carros oficiais para fins particulares, inclusive dando no ar os números das placas "brancas" dos acusados. Ele batia com o punho na mesa e falava com voz de protesto. Depois de Daudt, era a vez do humorista Renato Pereira, que contava piadas no ar. O comentário esportivo de Lauro Quadros antecedia ao noticiário do mundo dos esportes, seguido pelo comentário de Larry Pinto de Faria, enquanto Sérgio Jockymann vinha antes das notícias, apresentadas por Sérgio Schueller, José Fontela, Magda Beatriz,o professor Clóvis Duarte entre outros, dependendo da fase do programa. O final da atração era preenchido por entrevistas voltadas ao público feminino, apresentado por Tânia Carvalho. O último programa, desfalcado depois da debandada dos apresentadores para a TV Guaíba, foi apresentado por Solange Bittencourt.
A TV Difusora teve alguns programas infantis, como o Recreio, apresentado pela Tia Bita e o menino Fabiano, mais tarde o Carrossel Bandeirantes, apresentado pelo mágico Tio Tony. Possui grande destaque educacional, a premiação por "Aluno Nota DEZ" onde eram distribuídos brindes como canetas com o logo "Eu sou nota DEZ" para alunos que apresentassem o boletim com notas DEZ.
As tardes eram preenchidas com filmes, séries e desenhos animados, mas também com programas locais. No final dos anos 70 surgiu o Discoteca 78 (no ano seguinte, Discoteca 79), apresentado por Fernando Vieira, nos finais das tardes. Em 1980, o então Diretor de Programação Claro Gilberto, lançou o Jornal da Mulher, apresentado por Maria Aparecida Vieira Souto e Tatata Pimentel, de 2ª à 6ª feira, das 16 às 17 horas.
As noites eram marcadas pelo noticiário Camera 10, que teve muitos apresentadores, inclusive Ana Amélia Lemos, a ex-miss Universo Ieda Maria Vargas, Sérgio Schueller, José Fontela, Magda Beatriz e outros. O produtor Claudinho Pereira estava por trás da maioria dos programas da emissora. Camisa 10 era o nome do programa esportivo da emissora, apresentado logo depois do noticiário. Teve vários apresentadores e comentaristas, entre eles João Carlos Belmonte, Lauro Quadros, Kenny Braga e Larry Pinto de Faria.
Em 1979, a Rede Bandeirantes passou a ser responsável por 30% da programação da emissora, através de um acordo com os capuchinhos. E no dia 30 de junho de 1980, a TV Difusora foi comprada pelo Grupo Bandeirantes, passando a se chamar TV Portovisão - Bandeirantes Porto Alegre, uma das então 14 emissoras da Rede Bandeirantes.
caneco da Polar, o Leão, mascote da emissora e a logo da TV Difusora
terça-feira, 4 de agosto de 2015
Canal 5 Tv Piratini
Em 1955 Assis Chateaubriand trouxe equipamentos e equipe técnica
da Tupi de São Paulo para Porto Alegre. Distribui receptores na praça da
alfândega, em frente ao Clube do Comércio criando uma espécie de
Show-room de circuito fechado. O objetivo dessa demonstração era vender
ações para a implantação de uma futura emissora, a TV PIRATINI de Porto
Alegre canal 5. Passaram-se quatro anos quando,
durante o programa de auditório Quando os galãs se encontram, no ar na
Rádio Farroupilha, Assis Chateaubriand dirigiu-se ao microfone,
acompanhado de João Calmon, Ruy Rezende e Franklin Peres, e anunciou:
“Em dezembro do próximo ano, vamos dar ao Rio Grande a primeira emissora
de televisão, a TV Piratini”. O programa reunia pares românticos
famosos, que faziam sucessos nas radionovelas do Estado na época. A
partir daquele anúncio, uma equipe foi escolhida criteriosamente, junto à
Rádio Farroupilha, para fazer estágio na TV Tupi do Rio de Janeiro. O
grupo que partiu para o Rio de Janeiro contou com nomes como: Enio
Rockenmbach, César Walmor Bergesch, Sérgio Reis, Nelson Cardoso, Érico
Kramer, Athayde de Carvalho, Danúbio Fernandes, Jorge Teixeira, René
Martins, que se juntaram a José Maurício Pires Alves, Fernando Miranda e
Nelson Vaccari. Era a equipe básica da TV Piratini (SANTOS, 2009, p.
54).
(2) Aglomeração para assistir a novidade. Assis Chateaubriand na Praça da Alfandega.
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - Exibição de TV - 1954.jpg
Na década de 1950, a Rede Tupi já havia instalado emissoras no
Rio de Janeiro e São Paulo. Nos anos de 1960 pretendia montar novas
emissoras de TV em Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e Salvador.
Entretanto deslocar profissionais das emissoras do Rio e de São Paulo
para as novas seria inviável. Os custos seriam altos e não haveria
pessoal suficiente. Para suprir a carência de pessoal qualificado, foi
criado o Curso de Preparação de Equipes de TV, ministrado na TV TUPI do
Rio de Janeiro.
(3)
Equipe da TV Piratini voltando voltando para Porto Alegre, junto com
alguns membros de outras equipes. Lá estão, entre alguns, João Souza
Martins F., o Mecenas (de Salvador), o Péricles (do Rio de Janeiro) o
Cambises Martins etc.
Reprodução
do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV
PIRATINI - Equipe do RS para Curso de TV na TUPI - Rio de Janeiro
1959.jpg
O Jornal Diário
de Notícias, durante o mês de novembro de 1959, anterior a inauguração
da Piratini, publicou várias referências as ações que indicavam o início
dos trabalhos da emissora. Foram assinaturas de contratos, visitas
oficiais e de representantes do comércio e escolas. O início dos testes
das transmissões e o alcance do sinal, além da visita de Assis nas
instalações foram destaques em 1959.
Após o
pronunciamento de Assis Chateaubriand, em Porto Alegre, iniciaram-se as
reuniões para levar adiante a ideia da nova emissora. José de Almeida
Castro, que era o diretor artístico da TV TUPI do Rio de Janeiro e Rui
Rezende então diretor artístico da Rádio Farroupilha selecionaram um
grupo de profissionais da rádio para fazer o Curso no Rio de Janeiro.
(4) Publicitários e empresários em visita na TV Piratini
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - Diário de Notícias - 1959.jpg
(5) Instalações das antenas da TV Piratini
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - Diário de Notícias - 1959.jpg
(6) Primeiros testes da TV Piratini
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - Diário de Notícias - 1959.jpg
(7) Sinal da TV Piratini em Cachoeira do Sul
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - Diário de Notícias - 1959.jpg
(8) Visita de Chateaubriand na TV Piratini dia 8 de novembro de 1959
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - Diário de Notícias - 1959.jpg
(9) Chateaubriand na TV Piratini dia 8 de novembro de 1959
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - Diário de Notícias - 1959.jpg
(10) Escolas do RS e Santa Catarina em visita na TV Piratini - novembro de 1959
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - Diário de Notícias - 1959.jpg
(11) Empresas multinacionais de olho na Piratini em 1959
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - Diário de Notícias - 1959.jpg
José
de Almeida Castro esteve nos Estados Unidos, em 1955 para fazer um
curso de televisão. Lá desenvolveu noções técnicas e administrativas
para a TV. Na época, a televisão brasileira era apenas uma transposição
da rádio, pois não havia nem profissionais especializados e nem técnicas
desenvolvidas para a televisão. Praticamente era um rádio visual. Enquanto,
nos Estados Unidos, a indústria televisiva se apóia no cinema, no
Brasil, ela será influenciada pelo rádio, do qual utilizará estrutura,
adaptará formatos de programação e onde buscará recursos humanos
(MATTOS, 2009).
Foram
oferecidas 50 vagas para o Curso de Televisão, sendo que 16 para a TV
PIRATINI de Porto Alegre; 16 para TV ITAPOAN de Salvador; 8 para TV TUPI
do Rio de Janeiro; 6 para funcionários de agências de publicidade e 4
para demais interessados. Os alunos regulares, vinculados as Emissoras
Associadas, ocuparam 40 vagas.
(13) O Jornal Diário de Notícias equipe do Curso de Prep. de Equipes de Televisão no dia 15 de novembro de 1959.
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - Diário de Notícias - 1959.jpg
Os aprovados
assinaram um contrato de trabalho por três anos. As outras 10 vagas eram
cedidas para alunos ouvintes que frequentaram as aulas teóricas e
observaram as práticas. O
Curso durou três meses. As aulas começavam ao meio dia e terminavam no
final da tarde. De segunda a quinta feira havia a exposição de matérias
teóricas e sexta e sábado, recapitulação e debate. No primeiro mês, as
aulas teóricas e observação de operação de equipamentos e funções,
feitas através de visitas à emissora. No segundo mês as aulas teóricas
eram acompanhadas sob a orientação de professores e as aulas práticas em
circuito fechado de TV. Já no terceiro mês veio o trabalho prático onde
eram realizadas as transmissões em circuito fechado. A prova final era
pública.
(14) O Jornal Diário de Notícias comunica a chegada da equipe de apoio
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - Diário de Notícias - 1959. jpg.
A
o conteúdo do curso se sustentou em quatro pilares; 1) a introdução à
Televisão – artística, técnica, comercial e administrativa, ministrado
por José de Almeida castro; 2) Estética de Televisão – roteiro,
produção, direção e realização, ministrado por Péricles Leal; 3) Seleção
de Imagem – trabalho de suíte, técnica e estética, ministrado por
Alcino Diniz; 4) Técnica de TV – eletrônica em geral, câmera, áudio,
produção, vídeo, iluminação, ministrado por Herberto Gusman.
A
equipe da Piratini foi ao Rio de janeiro já com as funções definidas.
Composta do Chefe de Programação por Ênio Rockenback; Realizadores por
Athayde de carvalho, Erico Cramer e Nelson Cardoso. Suítes por Sérgio
Reis e Walmor Bergesh. Operador de Vídeo por Neide Marques. Operadores
de Câmera por Jorge Teixeira e Renné Martins. Operador de Áudio por
Ângelo Morais. Operadores de Projetor por Gilson Rosa e João Carlos
Paiva e Iluminadores por Santo Avelino e Vital de Negreiros.Nestes
primeiros anos de TV no Brasil exibiam-se, além dos shows que repetiam
modelos radiofônicos, teleteatros, telefilmes, seriados estrangeiros
(especialmente norte-americanos) e também alguns programas cujos
formatos foram diretamente inspirados na TV americana, como, O Céu é o
Limite (perguntas e respostas), Gincana Kibon (brincadeiras e
competições) e Esta é a sua vida (relato-homenagem de uma vida através
de depoimentos de amigos e conhecidos). A programação da TV brasileira
em seus primeiros anos é considerada como tendo sido elitista devido a
apresentação, em teleteatros, de textos de teatro clássico e de
vanguarda, e por apresentar também alguns programas de música erudita
(REIMÃO,p. 69).
A programação da Piratini se dividia em teleteatro, filmes e seriados, shows e entrevistas, esporte, publicidade e jornalismo. No dia seguinte à inauguração, 21 de dezembro de 1959, a TV Piratini canal 5 de Porto Alegre apresentou o roteiro de exibição definido. Das 17h até a meia noite mostrava teleteatros, jornalismo, shows, esporte e comerciais. Uma grande sinergia era necessária para que as transmissões acontecessem. Além dos programas locais e dos enlatados fílmicos estrangeiros, circulavam no Canal 5 programas produzidos no Rio-São Paulo e que eram reprisados nas capitais onde as Associadas tinham afiliadas, quase sempre com um apresentador local. Mantinham-se os quadros-programa e o elenco (que semanalmente percorria de avião o país), só que o programa adquiria um tom singular na figura do apresentador-âncora, especialmente no caso de shows ou entrevistas, nos programas de auditório. Os esquetes e seriados, de estúdio, às vezes viajavam com toda a equipe; às vezes substituía-se o elenco base por atores locais e os técnicos eram próprios também (KILPP, 2000, p. 41). Nos anos seguintes a programação da Piratini continuaria atrelada a da rede Tupi. Um exemplo foi O Show Willys 65.
Aos domingos,
ao meio dia era a hora da Grande Comédia, atração com peças longas
e familiares. Era na segunda feira o Grande Teatro Philips, com temas
densos e dramáticos exibindo muitos figurantes e cenários elaborados. O
espanhol Gilberto Ruiz y de Diego e o Húngaro Emir Zelinski eram os
responsáveis pela cenografia.
A TV Piratini exibia filmes e seriados. Os seriados infanto juvenis faziam grande sucesso. Entre eles se destacava o semanal O Águia Negra, realizado na própria emissora.A programação da Piratini se dividia em teleteatro, filmes e seriados, shows e entrevistas, esporte, publicidade e jornalismo. No dia seguinte à inauguração, 21 de dezembro de 1959, a TV Piratini canal 5 de Porto Alegre apresentou o roteiro de exibição definido. Das 17h até a meia noite mostrava teleteatros, jornalismo, shows, esporte e comerciais. Uma grande sinergia era necessária para que as transmissões acontecessem. Além dos programas locais e dos enlatados fílmicos estrangeiros, circulavam no Canal 5 programas produzidos no Rio-São Paulo e que eram reprisados nas capitais onde as Associadas tinham afiliadas, quase sempre com um apresentador local. Mantinham-se os quadros-programa e o elenco (que semanalmente percorria de avião o país), só que o programa adquiria um tom singular na figura do apresentador-âncora, especialmente no caso de shows ou entrevistas, nos programas de auditório. Os esquetes e seriados, de estúdio, às vezes viajavam com toda a equipe; às vezes substituía-se o elenco base por atores locais e os técnicos eram próprios também (KILPP, 2000, p. 41). Nos anos seguintes a programação da Piratini continuaria atrelada a da rede Tupi. Um exemplo foi O Show Willys 65.
(37) Audiência garantida no Show Willys.
Ao mesmo tempo
que o telespectador assistia em sua casa a uma cena de teleteatro,
atores revezavam-se na frente das câmeras. Erros ou esquecimentos eram
resolvidos no improvisto. Não existia o videotape. O Teleteatro trouxe
para o vídeo os profissionais do Teatro Amador e das rádio novelas. Os
atores de teatro tiveram que se habituar com os clouses, com as câmeras e a um rítmo frenético da televisão.(17)
Entre eles estava Lilina Lemmert, Nelson Gainuca, Lurdes Elói e Guidi
Edmads. Os rádio atores enfrentavam as marcações de cena, o figurino, a
memorização dos textos, o cenário, as luzes e as pesadas câmeras. Eram
contratados da Rádio Farroupilha e trabalhavam na televisão recebendo
cachê. Strelow
(2009) afirma que o surgimento da TV Tupi, e por consequência da
Piratini, se deu em uma época em que o rádio era o principal veículo de
comunicação de massa do país, com abrangência em quase todos os estados.
Assim, a TV no Brasil teve como principal influência o rádio, uma vez
que nesta época vivia-se a “Era Dourada” desse meio de comunicação, que
se fazia presente em praticamente todas as casas no país. Desta
forma, a TV ainda era tudo por se fazer, já que as pessoas achavam que
ela seria o rádio com imagens. Entretanto, Bergesh (2010) ressalta que
José de Almeida Castro, homem de confiança de Assis Chateaubriand sabia
que eram universos totalmente diversos e que jamais se tocariam enquanto
meios diversos de comunicação. O
jeito então seria utilizar a estrutura, adaptar formatos de programação
e onde buscar recursos humanos provenientes do rádio, porém com
perspectivas e intenções diferenciadas. Eram
outras as exigências, seria a outra a dinâmica, outros os valores
estéticos, alguma coisa mais próxima do cinema, um tempo diferente,
muito mais direto e ágil. Determinados cenários, atitudes, ações, não
mais precisariam ser descritos ou sugeridos à imaginação porque poderiam ser vistos. A imagem economizaria as palavras, a percepção seria diferente (BERGESH, 2010, p. 25).
Mas voltando a
programação da década de 1960, na Piratini já havia espaço para a
gurizada. Aos sábados passava o Teatrinho Mesbla. O Clube do Guri
Neugebauer era transmitido do auditório da Rádio Farroupilha aos
domingos na matinê.
(39) Clube do Guri Neugebauer em 1960 na Piratini.
Cópia do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - CLUB DO GURI - ARI REGO 1960.jpg.
(40) Apresentadora Gracinda com entrevistada em 1961 na Piratini.
Cópia
do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV
PIRATINI - GRACINDA com CAMERA - FOTO AUGUSTO F. CARNEIRO.PB,18x12.
jpg.
Os
shows musicais, comédias e entrevistas ocuparam boa parte da grade de
programação. Grandes nomes da política e do mundo artístico eram
trazidos do Rio de Janeiro e São Paulo. Havia uma espécie de rede
itinerante de programas que ligava a rede. A Comédia Alô Doçura era
apresentada por Marli Bueno em Porto Alegre e Eva Wilma no Rio e São
Paulo. Com a chegada do videotape, o programa passou a ser exibido sem a
apresentação local. Ainda nos primeiros anos da Televisão, os autores,
diretores e técnicos recebiam muita influência da TV Americana. Em 1953
a TV Tupi resolveu adaptar o grande sucesso televisivo 'I Love Lucy'. Um
seriado cômico baseado na vida conjugal de um casal, e na epopéia que é
a vida a dois. A ambição da emissora era ter um programa que tivesse a
seguinte estrutura: um humor leve e descontraído, histórias com pouca
duração e o principal, um casal de grande empatia do público. A primeira
investida foi com o mais badalado casal daqueles tempos: Anselmo Duarte
e Ilka Soares.
(45a) A Comédia Alô Doçura com John Herbert e Eva Wilma em 1960
No domingo na
Piratini às 20h, havia o Grande Show Walig, apresentado por Gudi Edwards
e por Margarida Spessato. A produção era de Fernando Miranda e de José
Maurício. Tinha a duração de duas horas. Apresentava bailarinos e
conjuntos musicais como os Farroupilhas e Flamboyant. Outras atrações
como os grupos de rock eram bem vindos. Havia também o TV SAMBA de Saião
Lobato e o Festa Brasil Dreher com Geórgia Gomide e Joel de Almeida.
(47) O TV SAMBA NA PIRATINI COM APRESENTAÇÃO DE SAYÃO LOBATO.
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - SAYAO LOBATO -TV SAMBA 01.jpg
(48) FESTA BRASIL DREHER COM GEÓRGIA GOMIDE JOEL DE ALMEIDA
Reprodução
do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV
PIRATINI - FESTA BRASIL DREHER GEÓRGIA GOMIDE JOEL DE ALMEIDA-
PB,18x12.jpg
(49) Grande Show Wallig atração garantida no Canal 5 em 1961.
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI- CARTAZ GRANDE SHOW WALITA -1961.jpg
(50) The Claytons no Canal 5 em 1967.
Nas tardes dos
sábados, em conjunto com a Rádio farroupilha, Selimes Júnior apresentava
o programa de auditório Vesperal Farroupilha, que foi ao ar das 14h as
16h. Outro programa apresentado por Selimes era o Sim ou Não. Havia ainda um outro semelhante que se chamava Agarre o que Puder apresentado no auditório da Rádio por Renato Cardoso.
(52) Programa Saliman Jr. Elis Regina e Conjunto Norberto Baldalf.
As crianças também tinham os seus programas. O Patrulheiro Toddy,
vivido por Gudi Edmunds, fazia brincadeiras, presenteava e dava
conselhos. Era apresentado durante os intervalos das séries de aventura.
Nos fim de semana o Clube do Guri.
(54) Patrulheiro Toddy nos intervalos.
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - PATRULHEIROS TODDY PB.jpg
A Publicidade era um espetáculo a parte na época da tv ao vivo. Com o custo do filme era muito alto, quase todos os comerciais eram transmitidos ao vivo direto dos estúdios. Os realizadores e suítes criavam e dirigiam as peças publicitárias, utilizando garotas propaganda, que muitas vezes faziam mais sucesso que os próprios produtos.
(61) Garota Propaganda na Piratini.
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - COMERCIAL AO VIVO LAVAROUPA WESTINGHOUSE - PB,18x12.jpg
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - COMERCIAL AO VIVO LAVAROUPA WESTINGHOUSE - PB,18x12.jpg
(62) Garota Propaganda Margarida Spessato na Piratini em 1960.
Reprodução
do autor. Disponível em:BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV
PIRATINI - garota prop Margarida Spessato. PB 18x24.jpg
(63) Foto Comercial da Aviação REAL no Aeroporto São João de porto alegre.
O telejornalismo na década de 1960, principalmente nos primeiros anos, era muito rudimentar, com notícias mais lidas que ilustradas e todas, ou a maior parte delas, calcadas no noticiário dos jornais impressos (era o que os profissionais chamavam ironicamente de gilete-press, ou seja, notícias recortadas do jornal). Não havia ainda uma equipe de TV especializada para fazer a cobertura do acontecimento, pois como a TV Piratini pertencia à empresa de comunicação Diários e Emissoras Associados, que possuía várias rádios e o jornal Diário de Notícias, a emissora utilizava sempre notícias e profissionais desses jornais, que possuíam recursos (material e equipe) para a realização de coberturas jornalísticas. As matérias do telejornal eram lidas pelo apresentador no estúdio, em postura extremamente formal e com locução num estilo radiofônico. Algumas vezes, tanto a informação como as entrevistas serviam de socorro para a programação, sendo esticadas para dar tempo à troca de cenários de outras atrações ou para permitir que um defeito técnico pudesse ser reparado, como por exemplo, o pife de uma câmera, de um spot de iluminação, etc. Nesse sentido, assemelhavam-se aos comerciais, que também eram colocados no ar repentinamente ou esticados em sua duração, para socorrer eventuais problemas. O telejornalismo na Piratini também dispunha de poucos recursos para transmissões externas. Era
preciso no mínimo 72 horas de antecedência para planejamento de um
evento. Em cobertura de eventos especiais, montava-se unidades com
geradores próprios de energia, e estruturas gigantescas que envolviam um
grupo complexo de pessoas e equipamentos para a realização. Foi como
aconteceu na festa da uva em Caxias do Sul, no ano de 1962.
(69) TELEFOTO da Equipe da TV PIRATINI na Festa da Uva em 1962
Os Repórteres
Cinematográficos iam com suas câmeras de filme 16mm para as coberturas
jornalísticas atuando também como repórteres. Além das imagens coletavam
dados para que se produzisse a telenotícia. Saíam para a externa com
poucos minutos de filme para registrar as imagens. Os filmes eram caros e
as câmeras não suportavam a gravação de tomadas muito longas.
Geralmente o filme captado bastava para definir a estrutura das
reportagens. Foram repórteres cinematográficos: Odilon Lopez, Carlos
Milo, René Ruduit,
Gilberto Boeira, Adalberto Prays, Paulo Jorge de Souza e os Irmãos
Pereira Dias. Formaram a base da linguagem do cinejornalismo gaúcho e
posteriormente a das imagens do telejornalismo eletrônico. Adaptaram a
linguagem de câmera do cinema para a televisão e criaram uma legião de
repórteres cinematográficos e cinegrafistas que os sucederam. Este
jornalista que escreve pra você é um deles. Comecei a trabalhar em
televisão por influência de Odilon Lopez. Os fotógrafos e os chargistas tinham uma função importante na Emissora. Pela dificuldade de captar imagens, os telejornais utilizavam cartazes e slides para ilustrar as matérias e divulgar a programação. Na época a ditadura, quando a censura era ativa no Brasil, às emissoras de televisão era imposta a divulgação do certificado de censura para a exibição de determinado programa para o horário que se queria exibir. Estes certificados eram fotografados em slides e colocados no ar através dos telecines. Havia uma grande demanda na produção destes slides para cumprir a legislação de censura vigente na época. O húngaro Peter Brondi era um dos fotógrafos da Piratini. Entre os cartunistas destacaram-se Sampaulo e Sampaio, que também atuavam no Jornal Diários de Notícias dos Diários e Emissoras Associadas.
Mas para que tudo isso acontecesse era imprescindível, como ainda hoje, a utilização dos recursos técnicos. Na sala do comando, junto ao suíte, o operador do projetor Bell Howell coordenava o telecine, o GT e os slides. O Telecine da marca RCA Victor, projetava os filmes. O GT introduzido na televisão pela Piratini projetava cartões e fotografias e possibilitava a fusão de imagens. O slide era muito utilizado nos programas de turismo como o Varig convida apresentado por Ernani Behs.
(78) Patrocínio no programa Varig Convida de Ernani Behs no Diário de Notícias.
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE – Varig Convida.jpg
(79) Telecine da Piratini no extinto Museu da TVE em 1992
Slide do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE – MUSEU - telecine Piratini 1 - slide 1992,jpg
(80) Telecine usado pela Piratini, o mesmo modelo do slide.
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE – MUSEU - telecine da Piratini - 18x23 pb.jpg
As câmeras
utilizadas nos estúdios eram da RCA Victor. Como não existia zoom nas
câmeras, os operadores precisavam trocar as lentes e ajustar o foco
manualmente, durante a transmissão ao vivo. A rapidez era fundamental.
Os slides vistos abaixo, com imagens das câmeras, foram tiradas pelo
autor quando em 1992 levava suas turmas de publicidade em visitação ao
extinto Museu da TVE. Mais uma vez alerto para que haja o resgate dos
documentos e objetos da instituição que se encontram cedidos ao Museu de
Comunicação Hipólito José da Costa. A Fundação Cultural Piratini é
detentora deste patrimônio e a ela cabe sua guarda. A criação do Centro
de Memória e Informação será a resposta responsável para a degradação
deste e de outros bens culturais. Em respeito aos princípios de procedência e originalidade da Arquivística.
(81) Imagem parcial do Museu da TVE em 1992
Slide do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE – MUSEU - slide 1992.jpg
(82) Câmera RCA da Piratini no extinto Museu da TVE em 1992
Slide do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE – MUSEU - Câmera 2 Piratini - slide 1992.jpg
(83) Câmera RCA da Piratini no extinto Museu da TVE em 1992
Slide do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE – MUSEU - Câmera 3 Piratini - slide 1992.jpg
(84) Câmera RCA da Piratini no extinto Museu da TVE em 1992
Slide do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE – MUSEU - Câmera 3 Piratini - slide 1992.jpg
(85) Câmera RCA da Piratini no extinto Museu da TVE em 1992
Slide do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE – MUSEU - Câmera 4 Piratini - slide 1992.jpg
(86) Câmera RCA da Piratini no extinto Museu da TVE em 1992
Slide do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE – MUSEU - Câmera 5 Piratini - slide 1992.jpgAs
especializações se resumiam em Realizador; que era o responsável pela
direção de programas e redação ou adaptação dos textos. Chefe de
Programação; que estudava o mesmo conteúdo dos realizadores. O
Iluminador que colocava os spots e direcionava os panelões de luz para
iluminar cenários, objetos e artistas e regulava a luz em busca dos
efeitos solicitados pelo realizador. Nas coberturas externas, usava-se o
equipamento de cinema. O Iluminador precisava conhecer os filtros e as
características dos filmes. Nesta época não haviam videotapes. O Operador
de Áudio fazia a sonoplastia, registrava as trilhas sonoras e efeitos e
da operação de microfone. Havia operadores de estúdio que controlavam
microfones móveis montados sobre pedestais, girafas ou do tipo boom. Os
operadores de mesa de áudio eram responsáveis pelo nível e qualidade do
som.
Ainda
havia o Operador de Projetor, que era quem manuseava o projetor,
operava o telecine e o GT [Grey Telope]. O equipamento projetava
cartões, filmes e fotografias. O Telecine era usado para exibir
comerciais, filmes e reportagens dos telejornais. Também existia o
Suíte, que hoje é conhecido como Diretor de TV. Este era responsável
pela seleção das imagens e controlava a equipe dos estúdios e os
operadores de câmera. Já o Operador de Vídeo era encarregado de
controlar os equipamentos que regulavam os níveis de intensidade e
brilho das imagens transmitidas.
(18) O Diretor de TV Sérgio Reis na Piratini nos anos 60.
Reprodução do autor. Disponíveis em: BR–CMIYV–CMIFCPRTV–FOTOS TVE-TV PIRATINI-Sérgio Reis-Diretor de TV-PB,10x08 - 1960.jpg
(19) O Operador de Vídeo Neide Marques na TV Piratini nos anos 60
Reproduções do autor. Disponíveis em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - OP. DE CCU - PB,10x08 -1960.jpg
No terreno onde
estavam as antigas torres da Rádio Difusora de Porto Alegre, Assis
Chateaubriand construiu o prédio da TV PIRATINI. O Prédio permanece
praticamente sem alterações ainda hoje. Modificações internas foram
feitas após a TVE assumir as instalações em 1981.
Os “dezesseis do Rio”, como ficaram conhecidos, eram profissionais jovens vindos do rádio que criaram conteúdos e se adaptaram às conquistas e dificuldades tecnológicas incorporadas paulatinamente ao universo televisivo durante os quatro meses de curso, que iniciaram a TV no Rio Grande do Sul. Assim, uma grande e fascinante perspectiva de profissões direcionada para o meio de televisão estava surgindo, “abrindo oportunidades interessantes para muita gente, artistas, jornalistas e técnicos, as pessoas que iriam descobrir e trabalhar na televisão” (BERGESH, 2010, p. 30)
Em menos de um mês, foi preciso montar uma equipe de técnicos, atores e administradores para levar ao ar uma programação com qualidade, equivalendo a das emissoras carioca e paulista. No final de novembro, algumas famílias de porto alegre já tinham instaladas em suas residências, o aparelho receptor.
As filmagens ou transmissões fora dos estúdios não contavam com equipamentos de áudio. Só era possível fazer transmissões sonoras em condições especiais. Para captação do audio nas externas, os microfones foram adaptados dos estúdios de rádio para a TV. Os microfones móveis eram montados sobre pedestais chamados de girafas ou booms. Os técnicos que operavam os equipamentos seguiam as solicitações do suíte e do realizador. O Diretor de TV tomava as decisões finasi sobre as imagens e os sons que deveriam ir ao ar.
Nos primeiros anos da televisão no Brasil, as emissoras que possuíam afiliadas, mantinham uma estrutura de rede de emissoras, diferente da estrutura atual. Hoje todo o conteúdo produzido pode ser transmitido via satélite, ou através das redes de cabos de fibra ótica em alta velocidade. Nos anos 60 a estrutura de rede que dispunham não contava com a transmissão via satélite. A programação da TV TUPI era gravada em fitas Quadruplex e circulava pelo país em dias diferentes. Na PIRATINI de Porto Alegre, afiliada da TUPI, os programas chegavam a ter a defasagem de exibição - se comparada a TUPI do Rio de Janeiro - de 5 dias. A equalização das transmissões só acontece, primeiramente, com a instalação da rede de micro-ondas e futuramente com a utilização de satélite pela Embratel. Durante a ditadura militar, os meios de comunicação foram controlados através da censura, agravada com o Ato Institucional no 5, de 1968, da outorga de concessões a organizações confiáveis e da distribuição de verbas publicitárias. Foram criadas estruturas para transmissões nacionais, a partir da inauguração do sistema de microondas, em 1967, e a cores, em 1972, ao lado de instrumentos regulamentadores da atividade midiática (BRITTOS, 1998).
A década de 1980 inicia com o
fechamento da TV Piratini, que foi cassada com as demais Associadas. O
Condomínio Associado estava insolvente desde 1979, suas concessões de TV
estavam vencidas e não poderiam ser renovadas, porque a lei exigia que
as empresas estivessem com os impostos em dia, sem pendências
trabalhistas ou processos na Justiça. Em 16 de julho de 1980, um decreto
assinado pelo presidente João Baptista Figueiredo cassou a concessão da
TV Tupi, de São Paulo, que completaria 30 anos em dois meses. Mais seis
emissoras do Condomínio foram cassadas, entre elas, a TV Piratini
(CRUZ, 2008). A partir de 1981, o canal que ocupava, o 5, passou para o
Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). No mesmo ano de 1980, Em seus
momentos finais, a Piratini reduziu a programação local a minguados 5%.
“Disputando um mercado cada vez mais competitivo e localmente restrito,
as nossas emissoras passaram cada vez mais a veicular através de si,
como um canal mesmo, as imagens globais que já não nos surpreendem”,
afirma Kilpp (2000, p. 55 e 56). Em 1981 as instalações são tomadas por
uma missão da jovem Televisão Educativa Canal 7 de Porto Alegre. Mas
esta é outra história que em breve conto pra você.
Algumas das fontes utilizadas nesta publicação remetem ao CD ROM: Tv Piratini Anos Históricos, patrocinado pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul na década de 1990 do século passado. Também a importante contribuição de A Televisão chega ao Rio Grande do Sul: Breve Histórico da TV Piratini de Aline Strelowy. Outras foram produzidas pelo autor ou reproduzidas de museus ou ainda disponíveis na internet.
Obrigado por ler este documento. Divulgue para que a memória coletiva fique ativa. Credite seus produtores.
Preserve com responsabilidade. Disponibilize a informação.
(20)
Reprodução do original. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS
CLAUDIA - CONSTRUÇÃO DA TV PIRATINI - PB,10x08 1958.jpg
A emissora
começou a funcionar em caráter experimental, no final de novembro de
1959. O grupo de profissionais que partira da capital, em setembro do
mesmo ano para estudar as técnicas de TV no Rio de Janeiro, inaugurou
oficialmente a TV Piratini no dia 20 de dezembro.
(21) Jornal Diário de Notícias. Inauguração da TV PIRATINI - 20.12.1959
Reprodução
do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV
PIRATINI - RECORTE JORNAL DIARIO DE NOT. INAUGURACAO TVPIRATINI - 1959.
jpg.
Em menos de um mês, foi preciso montar uma equipe de técnicos, atores e administradores para levar ao ar uma programação com qualidade, equivalendo a das emissoras carioca e paulista. No final de novembro, algumas famílias de porto alegre já tinham instaladas em suas residências, o aparelho receptor.
(22) Família contemplando a novidade em 1960.
Reprodução
do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV
PIRATINI - FAMILIA ASSISTINDO TV - RECORTE DIARIO DE NOT- JAN. 1960. jpg
A TV Piratini
de Porto Alegre e a TV Itapoan de Salvador foram as primeiras emissoras
brasileiras que tiveram prédios construídos especialmente para as
instalações de televisão. A emissora gaúcha possuía dois estúdios de 600
metros quadrados que servia para grandes produções. Havia um menor para
os comerciais, além de cabine de locução, cabine para mesa de cortes e
um depósito para adornos e cenários. Como as transmissões eram as vivo o
espaço para montagem dos cenários tinha que ser muito grande. Alem
disso, era preciso prever a circulação de um grande número de
profissionais envolvidos.
(23) Estúdio Geral na TV PIRATINI em 1960.
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - ESTÚDIO - JAN. 1960. jpg
Durante
o mês de dezembro, foi possível captar a programação experimental
realizada pela recém formada PIRATINI. Para tornar possível a boa
recepção da imagem a emissora transmitia diariamente durante meia hora, a
ilustração do indiozinho da Tupi. Através dela era possível ajustar a
nitidez, o contraste e o brilho.
As filmagens ou transmissões fora dos estúdios não contavam com equipamentos de áudio. Só era possível fazer transmissões sonoras em condições especiais. Para captação do audio nas externas, os microfones foram adaptados dos estúdios de rádio para a TV. Os microfones móveis eram montados sobre pedestais chamados de girafas ou booms. Os técnicos que operavam os equipamentos seguiam as solicitações do suíte e do realizador. O Diretor de TV tomava as decisões finasi sobre as imagens e os sons que deveriam ir ao ar.
(89) Ivete Brandalise em off.
Reprodução do autor. Disponível em: www.carosouvintes.org.br/blog/?cat=98&paged=144.jpg.
Outro recurso usado nas transmissões externas era gerar imagens e descreve-las através de locução. Nasciam os famosos OFF's, também conhecidos por Fora de Quadro, ou FQ. As partidas de futebol, as corridas de automóveis e demais competições esportivas ainda hoje são assim transmitidas. Alguns dos
poucos efeitos eletrônicos em vídeo, que eram possíveis produzir, foram
gerados por equipamentos chamados CCU - Camara Control Unity. Eles
possibilitavam modificar a imagem de positivo para negativo, alem de
outras interferências.
(90) Em primeiro plano um dos CCU's usados na Piratini no extinto Museu da TVE.
Slide do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE – MUSEU - GERAL - slide - 1992.jpg
(91) TELEFOTO da Equipe da TV PIRATINI no Diários Associados Zona Sul de Porto Alegre em 1961
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - UP2 PB 18x24.jpg.
Nos primeiros anos da televisão no Brasil, as emissoras que possuíam afiliadas, mantinham uma estrutura de rede de emissoras, diferente da estrutura atual. Hoje todo o conteúdo produzido pode ser transmitido via satélite, ou através das redes de cabos de fibra ótica em alta velocidade. Nos anos 60 a estrutura de rede que dispunham não contava com a transmissão via satélite. A programação da TV TUPI era gravada em fitas Quadruplex e circulava pelo país em dias diferentes. Na PIRATINI de Porto Alegre, afiliada da TUPI, os programas chegavam a ter a defasagem de exibição - se comparada a TUPI do Rio de Janeiro - de 5 dias. A equalização das transmissões só acontece, primeiramente, com a instalação da rede de micro-ondas e futuramente com a utilização de satélite pela Embratel. Durante a ditadura militar, os meios de comunicação foram controlados através da censura, agravada com o Ato Institucional no 5, de 1968, da outorga de concessões a organizações confiáveis e da distribuição de verbas publicitárias. Foram criadas estruturas para transmissões nacionais, a partir da inauguração do sistema de microondas, em 1967, e a cores, em 1972, ao lado de instrumentos regulamentadores da atividade midiática (BRITTOS, 1998).
(98) Anúncio da revista O Cruzeiro da TV PIRATINI
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - O CRUZEIRO PB 18x24.jpg.
(99) Entrada da TV Piratini na década de 1960. Ponto turístico de Porto Alegre
Reprodução
do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV
PIRATINI - FACHADA JOVENS FOTO Jonatas Dornelles. jpg
(100) Entrada da TV Piratini em 1963. Ponto turístico de Porto Alegre
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - FACHADA Família. jpg
(101) Entrada da TV Piratini em 1978.
Reprodução do autor. Disponível em: BR – CMIYV – CMIFCPRTV – FOTOS TVE - TV PIRATINI - FACHADA 78.jpg
Algumas das fontes utilizadas nesta publicação remetem ao CD ROM: Tv Piratini Anos Históricos, patrocinado pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul na década de 1990 do século passado. Também a importante contribuição de A Televisão chega ao Rio Grande do Sul: Breve Histórico da TV Piratini de Aline Strelowy. Outras foram produzidas pelo autor ou reproduzidas de museus ou ainda disponíveis na internet.
Obrigado por ler este documento. Divulgue para que a memória coletiva fique ativa. Credite seus produtores.
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